Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Radical ou extremista: qual é a diferença?

 
 
 
Artigo escrito por
 
 
Este texto irá abordar um tema um pouco polêmico, mas creio que seja totalmente necessário fazer aqui a distinção entre essas duas formas de se posicionar sobre aquilo que pensamos, aquilo em que acreditamos. Julgo necessário porque sou chamado com relativa frequência de radical. E de fato o sou. Mas aqueles que assim me chamam, o fazem com um sentido semelhante ao de “extremista”. Isso eu estou longe de ser. A diferença fundamental entre um e outro está no ponto em que um é uma postura racional (radicalismo), e o outro é sempre irracional (extremismo). É isso que pretendo apontar ao longo do texto e espero conseguir atingir esse objetivo.
 
É muito comum que algumas pessoas, num contexto de forte discordância e embate “pesado” de ideias chamem outra de “radical”. Quem nunca ouviu a acusação: “Nossa, como você é radical!”?  Normalmente, essa acusação de radicalismo vem com a ideia de que ser radical é o mesmo que ser extremista. A pessoa que acusa outra de radicalismo o faz tendo em vista o sentido de “extremismo”.  É normal que isso aconteça, já que a diferença entre ambos é muito sutil, por vezes quase imperceptível para aqueles que pouco exercitam sua racionalidade e ceticismo. Não é uma diferença que salta aos olhos, como preto no branco. Mas ela existe, e precisa ser apontada.
 
Ser radical significa que você propõe uma espécie de ruptura total com uma forma de pensamento, ou ideologia, em geral amplamente aceito, de modo a descartá-la por completo. Justamente por esse caráter forte, tal comportamento é chamado “radical”. Mas isso não significa que tal comportamento, ou concepção de ideia, seja ruim ou danosa. Eu sou radical no que diz respeito, por exemplo, ao Estado ser laico. Acredito que o Estado deve ser, sim, laico, de modo que a religião não tenha direito de intervir nem mesmo minimamente em questões políticas. Isso é ser radical, tendo em vista que não aceito que a religião desempenhe qualquer papel que influencie decisões políticas. Mas acredito nessa laicidade do Estado por um motivo muito simples: religião e crenças mitológicas em geral são um conjunto de crenças muito particulares. Uns podem compartilhar das mesmas crenças, e outros não. Como é possível tomar uma decisão política com base numa religião “X”, quando nem todos são adeptos dessa religião, desse conjunto de crenças? Não faz sentido, pois alguns serão lesados com isso, e é dever do Estado garantir que a liberdade de quem quer que seja nunca passe por cima do direito de uma única pessoa. O Estado deve assegurar o bem-estar geral, assegurando que ninguém saia lesado. Portanto, é irracional e totalmente incoerente que o Estado tome qualquer decisão com base em crenças religiosas. Alguém pode até discordar do meu argumento sobre a laicidade do Estado, mas não pode negar que é um posicionamento racional. É radical, mas é totalmente racional.
 
O extremista é aquele que pretende algo semelhante a essa ruptura total com uma forma de pensamento, ou ideologia, porém de forma totalmente irracional e inflexível. Uma pessoa extremista é claro que (obviamente) se posiciona no ponto mais extremo de uma ideia, cego de todas as demais possibilidades, e totalmente fechado ao diálogo. E quando digo totalmente fechado ao diálogo, não quero dizer que essas pessoas não dialogam, não debatem suas ideias, pois muitas delas o fazem. O problema se dá na forma como o extremista se posiciona nesse “diálogo” ou debate. Na cabeça do extremista, podemos colocar assim, é como se o diálogo fosse na verdade um monólogo. Ele ouve os argumentos do outro com o interesse único e exclusivo de refutar e contra-argumentar, nunca para assimilar, entender e acrescentar a si mesmo tais ideias. O extremista não muda uma vírgula daquilo que pensa, não sai um centímetro de seu posicionamento original, não reconhece equívocos (mesmo que óbvios e claros), nunca está disposto a se transformar e modificar. O debate para o extremista é sempre puramente retórico, ou seja, é um mero embate de ideias, onde um tenta convencer o outro de seu ponto de vista, e nunca discutir uma ideia na busca de um consenso reflexivo.
 
O posicionamento radical, embora soe semelhante ao extremista, possui o diferencial de ser (em geral) uma posição racional, e, portanto, uma posição passível de ser modificada, desde que contra-argumentos racionais sejam apresentados para tal. Posso falar por mim mesmo. Basicamente todas as minhas posições e crenças são totalmente radicais. Mas nem por isso estou menos aberto ao diálogo, ao debate sadio, à mútua reflexão construtiva em busca de um consenso inteligente. Quem me conhece e vem me acompanhando ao longo de meus 26 anos de vida, sabe muito bem como e quanto já mudei de ideia, já me transformei e me reciclei. E continuo me transformando e me reciclando e me modificando. Porque acredito que quem não muda, fica estagnado, cristalizado, não aprende de fato. É sempre positivo estar aberto a novas ideias, o que não significa que toda e qualquer ideia nova deva ser assimilada e implementada. Mas sim que deve ser considerada, e no mínimo incorporada como um conhecimento válido; até mesmo para discordar e descartar uma ideia ou crença é preciso conhecê-la.
 
Espero ter consigo esclarecer bem a diferença entre se radical e ser extremista; e que aqueles que lerem este texto reflitam melhor a respeito dessa diferença, reflitam sobre cada um desses conceitos, pensem duas vezes antes de chamar alguém radical na mesma acepção de extremista. O radical está firme numa posição forte, mas pode mudar diante de argumentos e evidências concretas e racionais; o extremista não muda de opinião diante de bons argumentos e evidências concretas. Por sinal, o extremismo anda de mãos dadas com o fundamentalismo. Mas isso já são outros quinhentos…
  
 
Perguntas que surgem após a leitura do artigo acima:
  • Cada um de nós é radical ou é extremista?
  • O atual partido que veio para se impor como o salvador da pátria, contra todos que são contrários a suas idéias, é radical ou é extremista?
 
 

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